segunda-feira, novembro 10, 2008

Dança dos mortos vivos


Já não vou ao baile de sexta há quinze dias! Sinto os meus pés a entorpecer. As causas que me afastaram são porém mui nobres. Sexta 31 foi dia de Halloween. Na escola onde ensino festejou-se a noite das bruxas com leituras inquietantes na biblioteca. Foi uma noite única com caixões e mortos vivos em palco, poetas enfurecidos, homens enlouquecidos e atropelados pela sua própria consciência. Como é de danças que falamos neste blogue, neste dia de Halloween vem-me à memória a dança dos mortos vivos que Michael Jackson eternizou nos anos oitenta em Thriller.

http://www.youtube.com/watch?v=uy8kIXA4STs



terça-feira, outubro 28, 2008

A última dança

Finalmente a minha série preferida no canal dois está de volta. Refiro-me ao Earl e à sua família de bem dispostos. Nesta nova temporada a cruzar o ecrã todos os dias à hora de jantar, o propósito é o mesmo e único: compensar as pessoas da lista infindável do Earl, que de alguma forma se cruzaram com ele em tempos. No último episódio que eu vi, o Earl tem pela frente na lista Josh, um rapaz pacato que Earl tinha aldrabado no passado. Há um pequeno problema, quando o Earl se decide a compensá-lo, ele morre de forma repentina e absurda: esmagado numa cama que recolhe na vertical contra a parede. Depois de ser atormentado em sonhos pela voz da consciência na pessoa do Josh, o Earl decide dar ao falecido um funeral condigno, uma vez que não há sinal de familiares ou amigos por perto. Na agência funerária escolhida, o funeral clássico está fora de moda e os defuntos têm direito a reviver as glórias do passado. Assim, um morto aparece totalmente vestido para um jogo de futebol americano e postrado em frente ao ecrã de televisão, ou então, outro numa linha de fogo, como soldado de guerra. Quando o Earl insiste num funeral mais normal, o agente funerário oferece-lhe o pacote 3, que inclui caixão em madeira, flores, velório e o salmo 23. O único problema é que não há ninguém para celebrar o funeral. Então o Earl decide convidar a malta e alguns sem abrigos. O resultado é catastrófico e o funeral parece mais uma festa louca com muita cerveja, erva e meninas à mistura. Desiludido, o Earl decide inspeccionar melhor a casa do falecido Josh e encontra ali a resposta para o fiasco do funeral. Aparentemente o Josh tinha uma vida dupla, uma segunda vida virtual e uma rede infindável de amigos na internet. Os amigos do poker, do clube de culinária, dos jogos de guerra. E não é que todos são convocados pelo Earl para um último adeus ao Josh. O estranho isolamento do indivíduo é afinal compensado por uma rede global extensa de amigos com muitos e sólidos interesses em comum. Um pouco como nós aqui neste cantinho da rede e a paixão incontrolável pelas danças.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Pés andantes, Pés dançantes


Não é todos os dias que damos valor aos nossos pés. É preciso muitas vezes passar por experiências dolorosas para reflectir sobre o real valor dos pés. De facto, eles não são só o suporte de toda a nossa estrutura, mas principalmente o garante de uma deslocação estável e segura para o nosso corpo. Hoje os pés são desprezados e encontram-se demasiado tempo entrecruzados, encaixados um no outro, em repouso forçado na cadeira ou, então, são substituídos na sua verdadeira função por rodas mais potentes e velozes. Já não se passeia a pé, passeia-se de carro, mesmo para percursos incrivelmente pequenos. Os passeios para pedestres deram lugar a largas vias para automóveis. Nas cidades portuguesas os passeios são frequentemente inexistentes ou inacabados. Não é raro dar com passeios que terminam de forma súbita numa berma que já só tem espaço para a estrada e para os carros, esses que não hesitam em galgar desenfreadamente o espaço de quem anda.

Quanto a mim, continuo a preferir um belo passeio a pé, não só porque me apercebo de tudo à volta mais facilmente, como também me dou conta de pormenores que de outra forma me passariam completamente ao lado. Há também uma outra vantagem, para além dos benefícios físicos, que é a predisposição para a meditação ou reflexão enquanto se caminha. Tudo combinado faz do caminhar o movimento mais natural, o mais humano e o mais belo. Mesmo quando a poluição dos carros nos afasta do ar livre e nos empurra para as passadeiras dos ginásios, vale a pena. Podemos sempre esperar pelo baile de sexta e experimentar diferentes andares em diferentes géneros de dança. Em último recurso, uma caminhada na mata do Gerês, como a que fiz no passado domingo, em grupo. Os pés foram submetidos a tratamento de choque, a caminhada só terminou passadas quatro horas e meia e quase vinte kms percorridos, mas os níveis de endorfina foram elevadíssimos. A caminhada proporcionou um conjunto único de bons ingredientes: um contacto próximo com a mãe natureza, boas conversas pelo caminho que se foi fazendo andando e, por último, o valorizar dos pés, que, apesar de doloridos, se aguentaram firmes para a função que foram destinados: andar. Uma certeza no final fica, se os pés não forem treinados para a sua função essencial, das duas uma, ou acabamos como os gordos intergalácticos do filme Wall-E de Andrew Stanton, prescindindo dos pés e encarcerados em cadeiras rolantes, ou, então, resta-nos pedir subsídio no ministério para o andar desalinhado, desarticulado e pateta, como nesta cena dos Monty Python:

http://www.youtube.com/watch?v=IqhlQfXUk7w







segunda-feira, outubro 13, 2008

De regresso ao básico



Desde as primeiras aulas com o Monsieur Armando que a tónica foi sempre aprender novos passos lentamente, repetidamente e simultaneamente recordar os passos antigos até à exaustão. Pode parecer estranho estar num nível intermédio de comando coreográfico de passos e figuras e passar um bom tempo em exercícios básicos, repetindo-os insistentemente. Os esclarecimentos do professor ao longo das sessões só agora começam a surtir maior impacto, interiorizado que começa a estar pela turma da necessidade de um maior aprofundamente de todos os passos até agora aprendidos. Assim, para quem vem de fora e assiste ao baile, não é difícil encontrar os pares em voltas e círculos no salão, em passos base, treinando os passos base da Valsa, do Samba ou do Cha Cha Cha. No último baile o massacre foi na Rumba, caminhando progressivamente à volta do salão (Progressive Walks) e depois esculpindo o leque (Fan) pacientemente. Talvez espreitando este último passo base pelos talentosos Slavik e Karina, outros campeões mundiais, compreendam melhor do que estou a falar!

segunda-feira, outubro 06, 2008

Pela dança todo o sacrifício

De volta ao blogue depois de quase um mês de ausência, julgo ser mais adequado começar por falar do baile que é o centro das atenções nesta página: o baile de sexta. Completamente renovada a turma, caracteriza-se no início desta quarta época dançante pela pluralidade de proveniências. Apesar de nunca ter sido um baile de paróquia, o salão reunia no passado pares da proximidade, curiosos da cidade de Braga, de Guimarães ou Famalicão. Hoje, os tempos são outros e as origens dos amantes da dança de salão são mais dispersas. Será que o sacrifício da longa viagem de muitos que se deslocam desde Celourico de Basto, Porto ou Ponte de Lima compensa? Do que me apraz ver, nem é preciso perguntar, só a presença assídua ao baile todas as sextas diz tudo. O brilho nos olhos, a vontade férrea de dançar a todo o custo, a simpatia e a alegria contagiantes dos corpos em movimento completam o cenário. No final, a longa viagem de regresso a casa, extenuados, mas renovadamente vivos, oxigenados no corpo e na alma! Para vocês, que sacrificam tantos kilómetros pela dança, o meu obrigado. Pelo vosso exemplo de paixão desmesurada, brindo e deixo-vos com um pequeno presente. Os passos aparentemente simples que o Monsieur Armando tanto insiste, em todos os géneros e ultimamente mais no Samba, estão aqui bem representados na magia do Bryan Watson, campeão do mundo uma série de vezes, e Carmen Vincelj: Samba Whisks, Promenade Samba Walks, Corta Jaca, Bota Fogo, Travelling, Volta e Reverse Turn.


quinta-feira, setembro 11, 2008

O espírito da dança



O Rui fala nos “anos saudosos”, nos “bailes mais espontâneos” e nos “fins-de-semana dançantes”.

Onde foi parar tudo isso?

Será que perdemos o espírito da dança?

Será que apenas tivemos a sorte de entrar um grupo excepcional que entretanto se foi dispersando e agora é que entramos na realidade?

Será que este caminho não tem retorno?

Onde está o carisma do «baile de sexta»?



Mais importante do que olhar para o que se perdeu é olhar para o que se pode recuperar.

O «baile de sexta» tem de renascer.

Basta querermos todos.

A escola mandou uma carta aos que se afastaram.

A turma podia recuar e recuperar o fôlego.

Quem vai voltar?

Quem quer entrar na dança?


Fernando Vilas Boas


segunda-feira, setembro 01, 2008

Descongelar

Chegou a hora de descongelar os movimentos, depois de um verão sequioso de danças, mas nem por isso fértil em bailes de salão. Com o Populum fechado e a escola de danças em férias, restou-me apenas desejar que o Verão de Agosto passasse bem depressa para entrar de novo na rotina frenética das aulas de dança. Em anos saudosos, não faltaram os bailes mais espontâneos e fins de semana dançantes pela madrugada dentro! Hoje, em pleno verão, se quero baile, tenho mesmo que me contentar com Aquele querido mês de Agosto, um filme português que descongelou os bailes populares do interior do país e os trouxe para a tela do cinema, ou, então, inspiro-me no vídeo do Grégoire e entro na dança.

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